domingo, 4 de janeiro de 2009

outro capítulo

Vivi o que antes apenas tinham escrito em forma de ilusão, e deixei-me sentir o que era de vida e o que era de morte. Em alguns momentos, meus caros, não sei ainda diferenciar o que seria viver-morrer/morrer-viver...
Dei meus mais intensos gritos, que já foram onomatopéias nas tiras dos sonhos. E já não sei mais descrever já que tudo é tão vivo em pele. Só dito para quem me escreve aquilo que temo esquecer... A vida que fiz poema nos últimos tempos, talvez infelizmente, não saberei escrever.
Nas linhas ganhei corpo, forma impermeável à água que lambe os corpos trêmulos em morte-vida ou vida-morte, ainda não sei... e talvez nunca saiba.
Temo, pois depois de viver, teimo em desfalecer, porque devo, porque assim escolhi. Porque para estar em outra histórias, em outras jornadas, talvez deva me desmaterializar e de pó, mesmo que de grafite, tornar-me um ínicio sem forma, uma outra letra que não S, uma outra invenção, para em outras linhas ajudar a escrever.
Eu, personagem, e o autor que me criou já não conseguimos mais colocar nas sílabas as coisas que se passam, como que sem contorno, resta-nos apenas vaguear sobre a imensidão do nada, sobre a imensidão das intensidades que não conseguimos agarrar com os dedos e que apenas dissipam entre as dores e delícias que apenas nós sabemos.
Nunca compreendi a morte dos humanos, mas sinto a nossa se aproximando, os dias levando os restos e me resta o medo de ter matado na hora errada, ou de ter matado a pessoa errada, ou quem sabe o sentir errado, mas mesmo assim prossigo.
Não é uma morte súbita, e por isso, talvez machuque ainda mais... E o que angustia a pobre personagem, eu, que sussura essa alglutinadadisjuntaconfusa confissão, é saber que não se mata como se quer, pois as marcas ficam, o pó ainda resta e há também o vazio cheio de pedaços que nunca mais se devolvem.
Preciso de outro capítulo.

A que há uns tempos se cala em S.

2 comentários:

Colombina Apaixonada disse...

Será minha cara Taty que não estamos sempre morrendo? Sempre recontornando? Sempre nos mldando ao bel prazer do que esperam de nós e não mais afirmando o que somos nós!? Saudações!

Unknown disse...
Este comentário foi removido pelo autor.